Por quem os Sinos dobram?

“Não pergunte por quem os sinos dobram. Eles dobram por ti”. A frase é do poeta inglês John Donne. Na época em que ele viveu, entre os séculos XVI e XVII, eram os sinos das igrejas que anunciavam novidades nas comunidades, como nascimentos e mortes.

Mas, fazendo uma retórica em torno de um tema que nasceu entre os católicos e cuja importância cultural é secular, fico a me perguntar o motivo pelo qual uma pessoa entra com uma ação judicial solicitando que os sinos não mais dobrem, isso porque esta mesma pessoa se sente incomodada. Ou seja, a sua intolerância beira ao excesso, num gesto meio torto e que nos faz lembrar de um fato parecido e muito recente, ocorrido no ano passado, quando uma autoridade municipal – por não pertencer à religião Católica Apostólica Romana – mandou retirar do Plenário do Poder Legislativo, o Crucifixo. Também por intolerância e preconceito.

Lendo ao jornal “A Notícia” da última sexta-feira, eis a notícia de que o empresário Carlos Augusto Arthuso teria entrado com uma ação no Juizado Especial Cível de Monlevade contra a Paróquia Nossa Senhora da Conceição, solicitando a mudança de horário no toque do sino eletrônico, instalado na Igreja Sagrado Coração de Jesus (leia-se Igreja Nova de Carneirinhos). E desde então os sinos não mais dobram e uma audiência de conciliação está marcada para acontecer no próximo dia 9 de novembro, no Fórum Milton Campos, para tratar da questão. Diz a matéria que o empresário foi procurado pela reportagem do periódico, mas que o mesmo não quis falar sobre o assunto. Melhor mesmo, porque deve estar constrangido com ele próprio.

Como pode? Uma coisa dessas só ocorre em João Monlevade, cujos interesses são pessoais e não coletivos. Cuja intolerância chegar a beirar ao extremo. Os sinos não podem mais dobrar porque está incomodando os ouvidos alheios. Morasse esta pessoa numa cidade histórica, como Ouro Preto, Mariana, Sabará, iria comprar uma briga feia. E a Igrejinha do Ó, em Sabará, talvez tivesse de ter seus sinos arrancados. Desculpem a metáfora, mas calar um sino seria como promover a censura. Sinceramente, não dá para acreditar.

9 Respostas to “Por quem os Sinos dobram?”

  1. JEANCARLOS Says:

    EU JÁ MOREI AO LADO DE UMA MATRIZ QUE TOCAVA O SINO DE 15 EM 15 MINUTOS, INCLUSIVE À NOITE E DE MADRUGADA. IMPOSSÍVEL DORMIR! UMA DAS PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS DE RECLAMAÇÕES POR IMPORTUNAÇÃO DO SOSSEGO, SÃO AS IGREJAS EVANGÉLICAS, ONDE AS PREGAÇÕES AS VEZES É FEITA AOS BERROS. DEVEMOS SEMPRE PROCURAR UM CONSENSO PARA QUE AS PARTES SE ACERTEM. MAS A VERDADE É QUE ATÉ OS SINOS DA IGREJA INCOMODAM, DEPENDENDO DO HORÁRIO EM QUE “DOBRAM”!

  2. JEANCARLOS Says:

    Neste caso concordo plenamente com Vc Marcelo Melo. Não vejo o menor incômodo no episódio. Parece intolerância mesmo por parte do Carlos Arthuso. Um abraço!

  3. Aguinaldo. Says:

    São Domingos do Prata, uma cidade onde as igrejas são construções marcantes e o catolicismo abrange quase a totalidade de seus munícipes, os sinos dobram e ninguém se incomoda com isso. São, inclusive, motivo de orgulho para seu povo.
    Agora, enquanto de lá vem pessoas como Lucien Marques, que chegam, prosperam, produzem, são úteis à nossa sociedade, chegam também Arthusos com o intuito de apenas usufruirem de uma cidade com maior potencial econômico e daqui tirarem seus sustentos e achando que com seu poder econômico, podem ditar regras. Há, pessoas como o João Arthuso, que chegou em Monlevade e soube plantar e colher, inclusive boas amizades. Nunca se soube que procurou mudar os costumes da cidade.
    Para os mais novos, Monlevade e S.D. do Prata, se fundem em histórias, através de trabalhadores da CSBM, dos grandes craques do futebol que aquí fizeram história no Metalúrgico, Vasquinho e Belgominas, Nossas primeiras professoras no Grupo Escolar de Monlevade, muitas vieram dessa cidade irmã. Enfim, nossas histórias se entremeiam.
    Mas, como disse o jovem Vilela sobre os MANÉS.
    Já fabricamos pelo menos Dois: O do crucifixo e o do sino.
    Aguinaldo.

  4. Edu de Monlevade Says:

    Nao acho um exagero nao, se o sino gera transtornos ao mesmo, ounqualquer outra coisa, devemos sim questionar as possibilidades, sao mtos os quepra nao gerer atritos, se submetem ao incomodo pra nao ser importunado por quem nao aceita os questionamentos.Acho a atitude interessante e pertinente.

  5. Zé Vieira Says:

    Falou e disse, Aguinaldo!

  6. CARLOS AUGUSTO ARTHUSO Says:

    Parece que ser emrpesário é crime. Ser bem sucedido também. Gerar emprego, renda e prestar serviços sociais a vários segmentos da sociedade voluntariamente parece não ser beneficio , e sim exploração. Defender o próprio direito parece ser, ditar regras, principalmente se o fizer pelas vias legais .

    Respeito o ponto de vista dos que comentaram, pois cada um enxerga as coisas como quer , ou como consegue:

    Muitas vezes as coisas não são o que parecem ser:

    Um bom dia a todos e deixo abaixo um exemplo bacana, só para reflexão.

    Um dia, um pai de família rica, grande empresário, levou seu filho para viajar até um lugarejo com o firme propósito de mostrar o quanto as
    pessoas podem ser pobres.

    O objetivo era convencer o filho da necessidade de valorizar os bens materiais que possuía, o status, o prestígio social; o pai queria desde
    cedo passar esses valores para seu herdeiro.

    Eles ficaram um dia e uma noite numa pequena casa de taipa, de um morador da fazenda de seu primo…

    Quando retornavam da viagem, o pai perguntou ao filho:

    – E aí, filhão, como foi a viagem para você?

    – Muito boa, papai.

    – Você viu a diferença entre viver com riqueza e viver na pobreza?

    – Sim pai! Retrucou o filho, pensativamente.

    – E o que você aprendeu, com tudo o que viu naquele lugar tão paupérrimo?

    O menino respondeu:

    – É pai, eu vi que nós temos só um cachorro em casa, e eles têm quatro.

    Nós temos uma piscina que alcança o meio do jardim, eles têm um riacho que não tem fim.

    Nós temos uma varanda coberta e iluminada com lâmpadas fluorescentes e eles têm as estrelas e a lua no céu.

    Nosso quintal vai até o portão de entrada e eles têm uma floresta inteirinha.

    Nós temos alguns canários em uma gaiola eles têm todas as aves que a natureza pode oferecer-lhes, soltas!

    O filho suspirou e continuou:

    – E além do mais papai, observei que eles oram antes de qualquer refeição, enquanto que nós em casa, sentamos à mesa falando de negócios,
    dólar, eventos sociais, daí comemos, empurramos o prato e pronto!

    No quarto onde fui dormir com o Tonho, passei vergonha, pois não sabia sequer orar, enquanto que ele se ajoelhou e agradeceu a Deus por tudo,
    inclusive a nossa visita na casa deles. Lá em casa, vamos para o quarto, deitamos, assistimos televisão e dormimos.

    Outra coisa, papai, dormi na rede do Tonho, enquanto que ele dormiu no chão, pois não havia uma rede para cada um de nós.

    Na nossa casa colocamos a Maristela, nossa empregada, para dormir naquele quarto onde guardamos entulhos, sem nenhum conforto, apesar de termos camas macias e cheirosas sobrando.

    Conforme o garoto falava, seu pai ficava estupefado, sem graça e envergonhado.

    O filho na sua sábia ingenuidade e no seu brilhante desabafo, levantou-se, abraçou o pai e ainda acrescentou:

    – Obrigado papai, por me haver mostrado o quanto nós somos pobres!

    MORAL DA HISTÓRIA:

    Não é o que você tem, onde está ou o que faz, que irá determinar a sua felicidade; mas o que você pensa sobre isto! Tudo o que você tem, depende da maneira como você olha, da maneira como você valoriza. Se você tem amor e sobrevive nesta vida com dignidade, tem atitudes positivas e partilha com benevolência suas coisas, então… Você tem tudo!

    :

    • blogdoleunam Says:

      Carlos Arthuso, conheço você há algum tempo e sempre lhe respeite. E é hoje um empresário de sucesso graças ao seu talento e ao seu dinamismo. Sei que conquistou tudo isso graça ao seu esforço e trabalho. E o parabenizo.

      Agora, no caso exclusivo do sino – que foi o meu único propósito nesta postagem -, discordo plenamente de sua atitude. Mas apenas nisso. E jamais minha intenção foi usar a palavra empresário como um lado negativo. Muito pelo contrário, porque sabemos que em Monlevade há vários empresários que prestam serviços voluntários e de caráter beneficente e nem aparecem por causa disto. E respeitam seus empregados.

      Esta é minha posição.

  7. Vilney Monteiro de Assis Says:

    Vereadores que aprovam a construção do anexo;
    Cidade sem água;
    Cavalos e cachorros para todo o lado;
    Trânsito caótico.
    Tráfico e uso de drogas em praças centrais da cidade.
    Dirigentes de escola vendendo livros para pagar conta de telefone. BR 381 matando mais a cada dia.
    Hospital sem médico.
    O buracão do Jacuí.
    Paralisação da expansão da usina de monlevade.
    Destruição do meio ambiente na serra do andrade.
    Falta de segurança nas ruas.
    Lotes vagos sem capina.
    Avenidas esburacadas.
    A guerra do crucifixo na câmara.
    E mais esta agora…….
    Juizado Especial Cível contra a igreja por causa de um sino?
    Eh… fazer o quê né.

    Tive o prazer de conversar com o carlos Arthuso algumas vezes. Pessoa nota mil, mas infelizmente nesta ele não foi feliz.
    Um grande abraço Melo.

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